segunda-feira, maio 23, 2005

...ção.

Sobre os meus olhos desenha-se uma planície soturna, deserta, recheada de garras infantis e anzóis ensanguentados pelos lábios da redundância.
Posso ser progenitor de mil ideias, mil discursos, mas vejo-me na obrigação de uma coerência, ainda que volátil. Nunca ao extremo, sempre nos passos do limite, sento-me e espero até que nova vaga de ódio venha. Situações enforcadas na possibilidade de testemunhas argumentarias de uma causa directa, extinta à nascença.
Uma arma junto à nuca avisa-me o trilho em que suicidarei a mão que a sustenta.
Um herbívoro devora a sêmola do cordeiro do pecado à humanidade.
Um gosto a fel amplamente esquecido ao sabor do comodismo.
Uma moeda enforcada à luz da ética pelo nó do capitalismo.
Um suícidio social pela beira da diferença.
Um nó na voz que me faz mudo de qualquer possibilidade de sentido.
Palavras silenciadas pelo som do silêncio.
7 ideias entram em corrupção pela orla do ponto de fusão.
3 homens juntam-se na violação da purificação.
Dois seres que nascem pelo abraço da relação.
E dois seres que se suicidam pelo esquecimento da razão.
Um deus feito homem à idade em que nasceu sua crença.
Uma cabeça, um feitio e o meu perfeito juízo que podia ter tido.
Eu e tu a procriar ao som do acabamento da nossa jazida.
Eu. Só eu como nunca fui, como talvez jamais serei, mas eternamente eu.
E tu. Só tu, como já foste, como serás e como sei que és...
Mar de insatisfação, caminhante eterna, na busca da soma da vida...
Responsável pela coerência que suponho que possuis...
Eu e tu, na nossa obrigação de amantes, como nunca ontem fomos, nem como hoje somos, nem como amanhã algum dia seremos.Eu e tu? Que fazemos? Eu e tu? Que futuro? E nós? Seremos, somos cegos? Ou tornaremos o amanhã um dia mais visível?