quinta-feira, junho 16, 2005

Vultos.

Resvalo do sonho para a concretização da escrita. Ainda...há procura de um método, ou talvez e apenas de uma lógica eficaz que faça brotar histórias de divãs fatigados e televisores oleosos , reconheço todo o peso que na hora a tal busca tem.
Procuro personagens perceptivelmente humanas, capazes do sencionalismo, do erotismo, da escravidão metabolizável à coerência da atitude. A letra e a frase são passos preciosos sobre o gatilho. O olhar depreciativo, a leveza do corpo. Os dedos retidos na chave que destranca o sossego, a intensidade da mão que pousa o copo, a tristeza da íris que capta a brisa, o peso do crânio sobre o leito dos amantes.
São vultos e frutos da solidão perturbada pelo que vem ao real. São contos retidos na dolorosa e lenta extracção da essência da minha e sua humanidade. Construções meticulosas, cautelosamente reduzidas a alimento, para lhe provar a pele. Sei-lhes o lar, os hábitos, conheço-lhe o ferro que lhes corre no corpo. Inalam-me o tempo, volatilizam a memória. Reduzem as migalhas da minha dualidade habitacional...